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Entrevistas

Entrevista ao IBRAM (Instituto Ambiental do Distrito Federal que Coordena Temas de Meio Ambiente)

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Conduzida por Clara Lima 

Brasília, a capital do Brasil, está localizada no Cerrado, um bioma considerado um hotspot de biodiversidade global. Embora o Cerrado abrigue uma abundância de espécies endêmicas, o bioma também sofre uma perda significativa de habitat para os animais presentes na região. Nesse sentido, não é apenas o Cerrado que está sofrendo com ondas de incêndios, principalmente devido ao agronegócio, mas também outros biomas e regiões brasileiras enfrentam tais problemas. Mesmo que o Cerrado tenha muitos incêndios naturais, como os de iluminação, nos últimos quatro anos a região teve inúmeros incêndios identificados como perpetrados pela atividade humana. Esses incêndios provocaram uma grande perda da biodiversidade endêmica do Cerrado, da vida selvagem e uma série de gases nocivos em toda a região. Por causa dessa questão urgente, o YCAC LATAM convidou Pedro Cardoso, Diretor da “Diretoria de Preservação e incêndios florestais” do Instituto Brasília Ambiental (IBRAM), para uma entrevista sobre os incêndios que estão ocorrendo no Cerrado brasileiro e os impactos que eles têm sobre a região.

 

YCAC LATAM: Como o retorno das chuvas em Brasília contribui na gestão dos parques?

 

PEDRO CARDOSO: As chuvas contribuem tanto para a diminuição substancial dos incêndios florestais, quanto para a gestão de recuperação das áreas degradadas pelo fogo, é o momento que realizamos plantios e a prevenção nos parques.

 

YCAC LATAM: Comparando a períodos anteriores, esse ano as queimadas foram mais intensas? Se sim, a que você atribui isso?

 

PEDRO CARDOSO: Depende. No DF como um todo a área queimada foi grande em relação aos anos anteriores. Nas unidades de conservação, que são nossa área de competência e atuação a área queimada foi menor. Isso se deu devido à prevenção que fizemos que foi bem planejada e executada. Fazendo a prevenção, os incêndios diminuem.

 

YCAC LATAM: Como a sociedade organizada pode contribuir com a preservação do nosso Cerrado?

 

PEDRO CARDOSO: Não fazer o uso do fogo indiscriminadamente. Todo incêndio florestal nessa época é causado pelo homem. Não há fogo natural nesse período. Então não se pode utilizar o fogo para nada nesse período pois facilmente ele sairá do controle.

 

YCAC LATAM: Quanto tempo a natureza leva para se recuperar de uma queimada rigorosa?

 

PEDRO CARDOSO: Depende do tipo de ambiente. Tem ambientes que nunca se recuperam. Outros já se recuperam facilmente e até precisam do fogo, porém no período certo [processo de queima controlada]. Nesse período crítico o fogo é ruim para todas as partes.

 

YCAC LATAM: Quais foram ou são os maiores desafios enfrentados por você em sua área de atuação?

 

PEDRO CARDOSO: Manter a calma na hora dos incidentes. Quando há um incêndio devemos ter paciência e a cabeça no lugar para executarmos as coisas certas, de forma rápida e eficiente, para que possamos diminuir os prejuízos causados pelos incêndios.

 

YCAC LATAM: Qual a importância de investir na preservação e gestão ambiental?

 

PEDRO CARDOSO: A preservação ambiental nos traz benefícios grande, principalmente a longo prazo, não só por conta da qualidade de vida que nos proporciona [da sociedade], quanto para valorização de toda forma de vida, culturais, econômicos. A degradação ambiental nos trás mudanças climáticas, e com isso todo ciclo natural que temos conhecimento e sabemos como funciona se vai, com isso vem sede, fome, calor, falta de água.

 

YCAC LATAM: Os grandes terrenos de produção agropecuária tem influência nos ocorrentes incêndios florestais?

 

PEDRO CARDOSO: Depende do tipo de produção e da forma como a área é gerida. Hoje temos tecnologias para preservar o meio ambiente enquanto continuamos a produção, e elas são ainda muito mais baratas do que os métodos arcaicos que causam os problemas ambientais em primeiro lugar. Com a busca por conhecimento, novas tecnologias limpas, métodos agroflorestais e uma produção cada vez mais ampla com uso consciente do solo e valorização dos biomas e do meio ambiente, podem ser alcançadas produções mais eficientes e que causem menos impacto do que as utilizadas em grande parte na o cenário atual.

Faça parte da mudança!

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